Com um financiamento de quase 5 milhões de euros, o projeto U2Demo propõe criar estratégias para a gestão e partilha de energia centradas nas necessidades dos consumidores. O principal objetivo é promover um acesso mais justo e democrático a recursos energéticos renováveis, analisando diferentes comunidades de energia, compostas por grupos de pessoas, empresas ou instituições que se organizam para gerar, partilhar e consumir energia renovável de forma colaborativa e descentralizada.
O projeto U2Demo propõe capacitar e envolver de forma ativa consumidores e “prosumidores“, ou seja, quem tem capacidade de produzir, armazenar e/ou controlar o consumo de energia elétrica nos serviços de produção e partilha de energia, de forma a maximizar os seus benefícios. No final do projeto, todas as soluções serão disponibilizadas através de plataformas Open Source e estarão acessíveis a todos.
“A grande mais-valia deste projeto é que as ferramentas a serem desenvolvidas serão disponibilizadas em open-source, terão em consideração novas oportunidades de participação em serviços de sistema e terão em consideração aspetos sociais visando a redução da pobreza energética”, explica Hugo Morais, investigador e coordenador do projeto no INESC-ID.
As soluções desenvolvidas serão posteriormente testadas em pelo menos quatro Comunidades de Energia distintas já existentes em Portugal, Bélgica, Itália e Países Baixos, cada uma com caraterísticas e modelos únicos. De acordo com Hugo Morais, “o projeto U2Demo propõe desenvolver um conjunto de ferramentas de troca de energia entre membros das comunidades e a partilha dos benefícios gerados através da prestação de serviços de sistema. Adicionalmente, serão também disponibilizadas ferramentas de previsão de consumo e produção, de análise de dados e de apoio à decisão.”
Para além dos benefícios económicos destas soluções, também serão considerados aspetos sociais como o combate à pobreza energética: “O desenvolvimento de modelos de partilha de energia e de mercados Peerto-Peer (P2P) vão contribuir para um aumento da eficiência energética e redução de custos. Para além da componente técnica, o projeto U2Demo tem como objetivo promover o acesso igualitário a recursos renováveis contribuindo para uma redução da pobreza energética no espaço europeu”, explica o investigador.
As comunidades energéticas envolvidas no projeto utilizam fontes de energia renováveis, como a solar ou eólica, e incluem tanto consumidores quanto prosumidores. O piloto português será localizado em Valverde, uma pequena aldeia rural em Évora com cerca de 450 habitantes. Valverde, já está envolvida em projetos como DOMINOES e InteGrid, e encontra-se equipada com dispositivos avançados para monitorização e controlo de energia local. Neste piloto o projeto irá testar o conceito de comércio de energia entre pares (P2P) numa Comunidade de Energia Renovável (CER), de forma a avaliar e comparar algoritmos de partilha de energia num ambiente já regulado.
Para além de Portugal, o projeto terá pilotos em Itália, Bélgica e Países Baixos. Na Bélgica, o piloto terá uma forte componente social e de combate à pobreza energética, uma vez que o demonstrador será localizado num bairro de habitação social na província de Antuérpia. Este piloto irá envolver como líder a Klimaan, uma cooperativa local que gere uma Comunidade de Energia Cidadã (CEC) no bairro social de Otterbeek. No local verifica-se uma fraca aceitação de novos conceitos por parte dos moradores do bairro, o que resulta num excedente de energia de fonte solar, devido à baixa procura. Um dos objetivos do projeto é precisamente analisar os motivos da rejeição e a possibilidade de a ultrapassar.
O arranque do projeto U2Demo foi assinalado com uma reunião de Kick off no INESC ID em Lisboa, no início de setembro. A iniciativa, financiada através do programa Horizonte Europa por um período de 42 meses, conta com a participação de vinte Instituições parceiras de oito países europeus nomeadamente: Alemanha (Deloitte, EIFER), Bélgica (E.DSO, Klimaan, KU Leuven, Rescoop VL, VITO); Eslováquia (iEPD); França (Artelys, EXAION); Itália (EnGreen, EUI); Países Baixos (TNO, Den Haag, STEDIN); Portugal (INESC-ID, R&D Nester, Watt-IS); Suíça (Energy Web).
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