Com a necessidade de apostar cada vez maior na neutralidade carbónica ouvimos falar, cada vez mais, de auditoria energética que pode dar pistas importantes para a redução dos consumos energéticos de uma empresa ou habitação. A somar a isso ainda ajuda na proteção ambiental e na sempre desejada, redução de custos.

Definição de auditoria energética

Uma auditoria energética é uma inspeção feita nas instalações de uma empresa que permite contabilizar os consumos de energia, a eficiência energética dos seus equipamentos e as perdas que se verificam.

Há alguns elementos que são sempre avaliados numa auditoria energética:

• Consumo de energia seja eletricidade, gás, biomassa, gasóleo, e outras fontes de energia utilizadas no desenvolvimento do negócio;
• Eficiência das instalações, ou seja, tudo o que está relacionado com o isolamento térmico ou acústico, estrutura das instalações e outras informações sobre a eficiência passiva;
• Sistemas energéticos como os sistemas de aquecimento, iluminação, água quente sanitária, ventilação e climatização, entre outros;
• Processos industriais e todo o funcionamento da empresa nesse âmbito.

Este tema já foi abordado em artigos publicados na revista “o electricista”. Tenha acesso a todos artigos de forma gratuita, para tal só tem que efetuar a Assinatura Digital e terá acesso a todas as edições.

Radiografia ao consumo energético

Uma eficaz Auditoria Energética é um processo que envolve algumas tarefas numa determinada ordem e sequência:

1. Preparação da auditoria

É necessário efetuar uma visita prévia às instalações para recolha dos registos de consumo dos últimos 3 a 4 anos e para analisar o processo produtivo atual.

2. Intervenção no local

Primordial conhecer o local que estamos a avaliar, nomeadamente as condições de utilização de energia e o registo das medições e análises que permitam determinar os consumos. Por isso é importante que os auditores identifiquem onde e como está a ser utilizada a energia e onde e como ocorram as ineficiências com base na avaliação do desempenho.

3. Análise da informação

Posteriormente é organizada e tratada toda a informação recolhida durante a fase de intervenção. E isto inclui a análise detalhada das faturas energéticas do ano que antecede a auditoria, passando pela análise física detalhada dos equipamentos e sistemas geradores de energia térmica e elétrica, eventual substituição de equipamentos, mudanças nos processos ou investimentos em fontes de energia mais limpas.

4. Elaboração do relatório

É redigido um relatório com as conclusões de utilização de energia na instalação em estudo, onde constará toda a informação recolhida e quais as recomendações de melhoria no consumo energético que podem passar pela substituição de equipamentos por outros mais eficientes. Criam-se planos de ação desenvolvidos com base na caraterização detalhada das oportunidades de otimização identificadas.

Uma auditoria energética tem sempre como objetivo primordial tornar uma empresa mais eficiente, além de outros objetivos subjacentes:

• Especifica as formas de energia utilizadas e considera outras que contribuam mais para a eficiência energética;
• Examina a forma como a energia é utilizada e os respetivos custos e especifica métodos e ações que diminuam a energia consumida;
• Estabelece a estrutura do consumo energético;
• Determina os consumos por processo ou equipamento;
• Relaciona o consumo energético com a produção efetuada;
• Identifica melhorias dos rendimentos energéticos;
• Analisa, em termos técnicos e económicos, as soluções encontradas;
• Propõe um plano de ação e investimentos;
• Elabora um plano de substituição de equipamentos mais eficientes ligados ao processo;
• Propõe um esquema operacional de gestão de energia para a empresa e uma eventual alteração de fontes energéticas, caso seja necessário.

Quem necessita de efetuar uma eficiência energética?

Segundo a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) as empresas que não sejam PMEs são as únicas obrigadas a realizar uma auditoria energética por peritos qualificados ou supervisionada por autoridades independentes ao abrigo da legislação nacional. Esta avaliação deve ser feita de 4 em 4 anos.

As empresas com um consumo anual superior a 500 tep são igualmente obrigadas a efetuar auditorias energéticas e a cumprir com um plano de racionalização dos consumos energéticos, podendo beneficiar da isenção do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP).

No caso das empresas com um consumo anual inferior a 500 tep podem também efetuar auditorias energéticas de forma voluntária, e se cumprirem um determinado Plano de Racionalização dos Consumos de Energia podem beneficiar da isenção do ISP.

Porque necessito de fazer uma auditoria energética?

Depois de perceber quais os consumos da sua empresa e obter aconselhamento personalizado sobre onde pode reduzir os mesmos, pode aproveitar algumas das vantagens deste procedimento:

1. Reduzir a fatura energética através dos ganhos de eficiência energética identificados na auditoria energética.

2. Otimizar o consumo de energia porque as auditorias energéticas garantem que a energia é utilizada de uma forma mais eficiente nos processos industriais.

3. Identificar a implementação de equipamentos e sistemas mais eficientes e a integração de energias renováveis na sua empresa;

4. Contribuir para a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental ao reduzir o consumo energético e as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE);

5. Cumprimento de regulamentações e normas energéticas e ambientais relacionadas com a eficiência energética.

6. Benefícios fiscais e incentivos governamentais porque as instalações abrangidas pelos acordos de Racionalização dos Consumos de Energia (ARCE) beneficiam de estímulos e incentivos à promoção da eficiência energética com a isenção do imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos em alguns combustíveis.

7. Reduzir o impacto ambiental decorrente da alteração do perfil de consumo energético.

As empresas que seguem as orientações e planos de ação propostos pelas auditorias energéticas demonstram o seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. Isto melhora a imagem das empresas perante clientes e investidores, ao mesmo tempo que permitem uma redução dos custos de exploração da sua atividade e minimiza o seu impacto ambiental. Desta forma, as empresas conseguem tornar-se mais competitivas e sustentáveis!

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• Artigo “As auditorias energéticas como ferramentas de gestão da energia à luz da norma ISO 50001” da edição 87 da revista “o electricista”;
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• Dossier “Auditorias/certificação energética” da edição da 64 da revista “o electricista”;
• Dossier “Eficiência energética e autoconsumo de energia” da edição da 73 da revista “o electricista;