Revista o electricista

Porque é que é tão importante ativar a flexibilidade nos edifícios?

Porque é que é tão importante ativar a flexibilidade nos edifícios?

Nos sistemas elétricos nacionais, a eletricidade tem de ser produzida em tempo real, no exato momento em que os clientes a procuram, porque não existem tecnologias que permitam armazenar energia “em grande escala” até que seja necessária. Assim, será cada vez mais importante serem capazes de gerir a elevada variabilidade e incerteza da produção renovável.

Uma vez diagnosticado o problema, só resta encontrar a solução! Neste caso, a única (ou talvez a mais eficaz e consensual entre os especialistas) é tornar a procura da energia ativa. Dito de outra forma: que os consumidores – e os edifícios e instalações que utilizam – sejam capazes de alterar os seus padrões de consumo, armazenar energia e/ou vendê-la à rede, em qualquer momento, segundo o que seja mais conveniente.

Isto terá muitas implicações, como por exemplo os preços mais baixos da eletricidade deixarem de ser sempre à noite, e talvez passarem para meio do dia. Tudo será dinâmico. Neste contexto será decisivo que os consumidores evoluam para serem capazes de gerir ativamente a sua procura – e, em geral, toda a sua energia –, reduzindo-a, aumentando-a ou deslocando-a através da gestão do consumo, da produção local ou do armazenamento, e sendo desencadeada por sinais de preços de mercado.

Assim, podemos ver que as prioridades do sistema elétrico mudaram. Antigamente promovia-se a instalação de uma grande capacidade de produção centralizada; agora, o que precisamos é de gerir o lado oposto, o da procura, para que se adapte sempre à produção disponível. Por outras palavras: temos de ser capazes de implementar a flexibilidade do lado da procura e colocar os consumidores, os edifícios (e os prosumers) no centro do sistema elétrico. Temos de chegar a um compromisso entre a “variabilidade” das fontes e a “flexibilidade” dos consumidores.

Quaisquer medidas regulamentares futuras devem, por conseguinte, dar prioridade à eficiência energética, ao armazenamento ou a alternativas inteligentes de gestão da procura antes de promover novas capacidades de produção sem proporcionar flexibilidade ao sistema – precisamos de equilíbrio.

Assim sendo, a gestão integrada dos recursos energéticos do lado da procura tornou-se a pedra angular do novo ecossistema energético concebido pela União Europeia. Tudo isto só pode ser realizado através da agregação de “milhões de cargas” que proporcionam pequenas flexibilidades graças a centenas de milhares de “consumidores flexíveis” que se convenceram quanto aos benefícios; e graças à digitalização e às tecnologias que os possibilitam.

A digitalização será essencial para estes consumidores, bem como para os novos agregadores e para os restantes agentes tradicionais do sistema elétrico. Estamos a falar de uma nova era de IoT para a rede elétrica, a convergência em grande escala entre a eletricidade e o digital, que é cada vez mais conhecida como Eletricidade 4.0.

O que traz o armazenamento a este novo cenário?

O armazenamento ajuda a tornar as energias renováveis “geríveis” e “despacháveis”, ou seja, disponíveis quando necessário. Já contamos com tecnologia disponível e mais do que comprovada com as baterias de lítio, mas em breve será também comum a utilização de pilhas de combustível de hidrogénio, ou que ambas convivam na mesma instalação.

O armazenamento distribuído atrás do contador, instalado juntamente com o autoconsumo de energias renováveis, o carregamento de veículos elétricos e os sistemas AVAC, e gerido com aplicações inteligentes, é já o recurso energético distribuído mais eficiente e o melhor ativo da rede. Esta nova rede distribuída, baseada numa rede de microgrids, será capaz de fornecer os mesmos serviços que eram anteriormente prestados por centrais de produção baseadas em combustíveis fósseis, mas a um custo muito inferior.

Pedro Moreno
Prosumer Business & Energy Management Software Leader Iberia
Schneider Electric

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