Revista o electricista

balanço energético sintético 2022

Balanço energético sintético de 2022

O Balanço Energético Sintético tem por objetivo apresentar de forma resumida a evolução dos principais indicadores energéticos referentes ao ano anterior.

Recentemente, a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) publicou o Balanço Energético Sintético com o resumo dos principais dados e indicadores energéticos relativos a 2022. A informação disponibilizada, ainda que provisória, dá-nos um panorama do que foi o desempenho energético do país no ano passado.

O Balanço Energético Sintético tem por objetivo apresentar de forma resumida a evolução dos principais indicadores energéticos referentes ao ano anterior que já se encontram disponíveis. Por norma, este documento é lançado no final do 1.º semestre de cada ano.

O presente artigo analisa 3 indicadores relevantes que constam da publicação e compara os respetivos valores com os valores de 2021.

Intensidade energética da economia

A intensidade energética é um indicador de eficiência energética da economia, expresso pelo consumo de energia final ou primária, por unidade de Produto Interno Bruto (PIB). Quanto menor o seu valor, maior será eficiência energética do país.

Figura 1 Intensidades Energéticas [2021, 2022].

De acordo com a Figura 1 houve uma melhoria da eficiência energética face a 2021, isto é, Portugal consumiu menos energia na criação da mesma quantidade de riqueza produzida no ano anterior.

Esta melhoria resulta da taxa de crescimento do PIB, que cresceu cerca de 6,7% face ao ano anterior, ser superior às taxas de crescimento do consumo de energia primária (+2,8%) e do consumo final (+2,2%).

Consumo de energia per capita

Portugal é um dos países da UE com os mais baixos consumos de energia (primária e final) por habitante. Em 2022, os valores destes indicadores foram superiores aos registados no ano anterior (Figura 2).

Figura 2 Consumos de energia per capita [2021, 2022].

Estes ligeiros aumentos dos consumos de energia per capita devem-se ao facto das taxas de crescimento da energia primária e final terem sido superiores à taxa de crescimento da população, que foi de 0,4%.

Dependência energética

Os dados provisórios de 2022 apontam para um agravamento da dependência energética de Portugal, que terá aumentado em cerca de 4,1 p.p. face a 2021 (Figura 3).

Figura 3 Dependência energética (considerando as bombas de calor)
[2021, 2022].

Entre 2017 e 2020, Portugal apresentou uma trajetória descendente da dependência energética atingindo em 2020 (ano da pandemia) o valor mais baixo desde que há registo (65,8%). Com a retoma da atividade económica registada em 2021 e consolidada em 2022, a tendência inverteu-se.

Este agravamento deveu-se ao aumento do saldo importador em cerca de 12% face a 2021, sendo a eletricidade a componente que mais cresceu em termos percentuais (95%), quase duplicando, e o petróleo e derivados a registar um aumento de cerca de 14%.

Em termos setoriais, os setores que mais cresceram foram os dos transportes e dos serviços com cerca de 4,9% e 11,1% respetivamente. No caso particular dos transportes, o consumo de energia da aviação
nacional cresceu 95,6% face a 2021 e os transportes rodoviários em cerca de 2,9%.

Em termos gerais, os valores provisórios do Balanço Energético Sintético 2022 apresentam menos energia renovável no mix do consumo total de energia primária e final, mais importação de petróleo e derivados e maior dependência energética, em relação a 2021.

Os combustíveis fósseis continuam a ter um elevado peso no consumo final de energia, mantendo-se muito elevado o consumo afeto aos transportes rodoviários. É bom relembrar que o ano 2022 foi caraterizado pelos elevados preços dos combustíveis (e do gás natural), os quais geraram graves efeitos inflacionistas na economia e, embora afetando fortemente as empresas e as famílias, não parecem ter afetado o uso individual do automóvel.

Sem prejuízo das políticas públicas destinadas ao aumento da incorporação das energias renováveis, nomeadamente no que respeita à produção de energia elétrica, e dos mais diversos programas de apoio que visam a melhoria da eficiência energética das empresas e dos edifícios, sejam do setor de comércio e serviços ou residencial, as obrigações de se cumprirem as metas Nacionais estabelecidas pela União Europeia para o setor energético e consagradas no Plano Nacional Energia e Clima (PNEC 2030) e no Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC 2050), tornam mais premente a necessidade de reforçar a atuação no setor dos transportes, nomeadamente na componente rodoviária.

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