Num momento em que a urgência climática e a transição tecnológica estão a moldar a economia global, a industrialização verde surge como um imperativo estratégico para empresas e sociedades. A descarbonização, aliada à inovação e à Inteligência Artificial, está a redefinir processos produtivos, cadeias de abastecimento e modelos de negócio, tornando-os mais sustentáveis, eficientes e resilientes.
É neste contexto que a GS1 Portugal promoveu, a 08 de outubro de 2025, a 10.ª edição do seu congresso anual, reunindo em Lisboa líderes e especialistas para debater soluções concretas que podem acelerar esta transição e reforçar a competitividade da indústria nacional.
Na abertura do congresso, Gonçalo Sousa Machado, Vice-Presidente da Direção da GS1 Portugal e CEO da Sogrape, destacou que a competitividade das empresas e países está hoje condicionada por uma “reconfiguração geopolítica” e pelo “redesenho das cadeias de valor”, impulsionados pela transição tecnológica e energética. Sublinhou que o conceito de industrialização verde é “um elemento agregador”, capaz de alinhar crescimento económico e progresso social, e apontou que Portugal poderá, porventura, beneficiar enquanto plataforma industrial e produtiva neste novo contexto global.
Lídia Machado, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, reforçou a importância de associar a industrialização verde – que integra descarbonização, inovação e Inteligência Artificial – à valorização das marcas portuguesas. Destacou o valor estratégico do prefixo 560 nos códigos de barras, que identifica o seu registo na GS1 Portugal e funciona como “primeiro embaixador” da eficiência, rastreabilidade e qualidade dos produtos ao longo das cadeias de valor, facilitando as transações comerciais, aumentando a transparência e promovendo práticas sustentáveis.
“O mundo continua razoavelmente imprevisível”, afirmou Paulo Portas, ex-Vice-Primeiro-Ministro e docente na NOVA SBE, ao traçar o atual cenário geopolítico e geoeconómico. Em comparação com o ano anterior, disse ser possível confirmar tendências claras: a aceleração de uma visão mais protecionista da economia e a persistência de conflitos comerciais entre China e Estados Unidos, sustentados por um poder de dissuasão mútua.
Citando Mario Draghi, alertou que “a inércia tem um custo” e que, enquanto outros avançam, a Europa arrisca perder relevância. Neste contexto, a Península Ibérica tem funcionado como uma “jangada autónoma” dentro da zona euro, com Portugal e Espanha a manterem uma performance económica acima da média, impulsionada por turismo, ativos estratégicos, energia, fundos europeus e imigração. Para as empresas, reforçou que reconhecer riscos é também identificar oportunidades, defendendo que o investimento em inovação e Inteligência Artificial como fatores decisivos para modernizar operações e aumentar a competitividade.
O emprego e o volume de negócios das empresas cresceram significativamente na última década, o que levou Teresa Cardoso de Menezes, Diretora-Geral da Informa D&B, a concluir que o tecido empresarial português está mais robusto, rentável e resiliente. Mas, segundo advertiu, continua dominado por microempresas (93% do total), com pouca mobilidade entre escalões de dimensão e um crescimento que precisa de ser mais sustentado. Teresa Cardoso de Menezes aponta a sustentabilidade como um desafio incontornável, com a pressão crescente de stakeholders e benefícios claros para as empresas que adotam práticas ESG.
No painel sobre “Industrialização Verde – Governança, Inovação e IA”, os oradores concordaram que crescimento económico e sustentabilidade são compatíveis, desde que sustentados por governança sólida, ética e literacia. João Moreira Rato, Presidente do Instituo Português de Corporate Governance, destacou a governança como base para decisões estratégicas robustas, enquanto José Germano de Sousa, Presidente da Associação das Empresas Familiares, apontou que, num futuro dominado pela Inteligência Artificial, o fator humano será a verdadeira vantagem competitiva.
Lídia Tarré, Administradora da Gelpeixe, considerou que a sustentabilidade é uma responsabilidade das empresas, destacando a importância das pessoas neste processo. Já Paulo Câmara, sócio da Sérvulo & Associados, defendeu a definição de regras equilibradas e globais no que diz respeito à sustentabilidade, reforçadas pela literacia a todos os níveis.
No painel sobre “Roteiro da Neutralidade Carbónica – Cadeias de Abastecimento”, Ana Sofia Amaral, Sustainability Leader da L’Oréal, explicou que atingir a neutralidade carbónica exige compreender o impacto total do negócio e trabalhar de forma integrada com clientes, fornecedores e todos os stakeholders, combinando inovação, parcerias e poupança de recursos, num caminho rápido e global que responda à crescente exigência dos consumidores.
Luís Duarte, Diretor-Geral da Herdade dos Grous, partilhou a experiência de alcançar a neutralidade carbónica, através de uma monitorização rigorosa, apelando ao reconhecimento do que está a ser feito pela empresa no setor agrícola. Mário Parra da Silva, Presidente da Associação Portuguesa de Ética Empresarial, defendeu que conciliar competitividade com neutralidade carbónica “não é só possível, como indispensável”, sublinhando que “a sustentabilidade é uma condição de negócio de futuro” e que “não vale a pena ser campeão, vale a pena participar no esforço global”. Alertou que a ética deve estar no centro das decisões para garantir que a sustentabilidade não seja apenas marketing, mas parte da sobrevivência das empresas.
“A esperança é a energia humana necessária para conduzir à mudança” e a sustentabilidade é uma oportunidade, considerou Graham Miller, Professor de Sustainable Business na NOVA SBE e Hope Speaker do 10.º Congresso da GS1 Portugal. Incentivou empresas e pessoas a agir na construção de soluções sustentáveis, lembrando que os resultados podem demorar, mas que “o sistema vai mudar quando nós mudarmos”.
Paulo Gomes, Diretor-Geral da GS1 Portugal, encerrou o congresso destacando a “era do 2D” – uma nova forma de identificar, partilhar e criar valor. No ano em que celebra 40 anos, a GS1 Portugal reafirma a sua missão de construir o futuro da distribuição moderna no país e o compromisso de “transformar conhecimento em ação, visão em resultados e desafios em oportunidades”, concluiu.
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